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Colorado do Oeste,22/11/2024

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Questão do vestibular da FGV sobre viral do TikTok é criticada: 'preciso ser cronicamente on-line para acertar?', diz candidata

g1.globo.com
Questão do vestibular da FGV sobre viral do TikTok é criticada: 'preciso ser cronicamente on-line para acertar?', diz candidata


Estudantes que não usaram redes sociais neste ano só tinham uma maneira de acertar a resposta: saber o exato ano de publicação de um livro. Veja se você marcaria este ponto. Pessoa usando celular
Freepik
🖥️Quem abandonou as redes sociais nos últimos meses com o objetivo de focar nos estudos provavelmente errou uma das questões do vestibular da Fundação Getúlio Vargas (FGV), aplicado na última quinta-feira (14) para interessados em cursar administração, relações internacionais, direito e economia em São Paulo, Brasília e Rio de Janeiro.
A pergunta [veja mais abaixo] exigia que o candidato já tivesse ao menos ouvido falar de um conteúdo que viralizou em maio deste ano, no TikTok e no Instagram. Para os "desconectados", havia uma única chance de acertar a resposta: saber exatamente o ano de publicação de um clássico da literatura brasileira.
"É preciso ser cronicamente on-line para fazer a prova da FGV", protestou uma aluna no X. "Zoado cobrar datas", escreveu outro jovem.
Procurada pelo g1 para comentar a repercussão, a universidade não havia se pronunciado até a última atualização desta reportagem.
Veja a questão abaixo, tente respondê-la e, em seguida, entenda quais conhecimentos literários seriam necessários para acertá-la:
Questão do vestibular da FGV aborda viral do TikTok
Reprodução
📖Explicação:
A questão traz um contexto enxuto: menciona uma norte-americana que, depois de se desafiar a ler um livro de cada país do mundo, fez sucesso ao falar da obra que escolheu para representar o Brasil (descubra qual mais abaixo).
➡️A FGV não menciona o nome da pessoa no enunciado, mas é Courtney Henning Novak, escritora e podcaster americana, de 45 anos, que mostrou seu "desespero apaixonado" por um dos nossos clássicos.
“Preciso ter uma conversa com o pessoal do Brasil. Por que não me avisaram antes que este é o melhor livro já escrito? O que vou fazer do resto da minha vida depois que terminá-lo?”, disse Novak, no vídeo que viralizou no TikTok.
Os candidatos que acompanharam essa história na internet certamente levaram poucos segundos para acertar a resposta: alternativa "C", “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, obra publicada pelo autor brasileiro Machado de Assis (1839-1908) em 1881.
É preciso dizer que a repercussão do vídeo da norte-americana extrapolou as redes sociais — o livro passou a liderar o ranking de "mais vendidos" de um grande site de compras, e diversos veículos de imprensa produziram reportagens sobre a "resenha viral" (como o próprio g1 e o Jornal Nacional).
Um aluno que tenha acompanhado essas matérias, mesmo sem usar TikTok, poderia ter acertado. Mas não necessariamente foi o caso de quem passou o ano mergulhado nos livros e nas apostilas.
"É uma pergunta que testa, na verdade, o quanto que o candidato está antenado com os acontecimentos importantes no país. Dentro de atualidades, ela cabe. Como literatura, não. Ela sequer exige que o aluno saiba quem é Machado de Assis para entender por que o vídeo viralizou", afirma Maurício Soares, professor de Literatura do Curso Anglo.
André Barbosa, docente do Colégio Oficina do Estudante, diz que "o candidato que desconhece completamente a referência desconhece também os principais tópicos de cultura comentados em grandes mídias". "A viralização do conteúdo em questão tornou o fato comentado em grandes portais", afirma.
➡️Outra "saída" para quem não usou redes sociais neste ano seria ter alguma noção de cronologia literária: entre Guimarães Rosa (1908-1967), Fernando Sabino (1923-2004), Machado de Assis (1839-1908), Euclides da Cunha (1866-1909) e Graciliano Ramos (1892-1953), os únicos que poderiam ter publicado uma obra em 1881 seriam o próprio Machado e Euclides da Cunha.
Com um conhecimento mais aprofundado (e uma memória prodigiosa), o aluno poderia apostar mais fichas em Machado, já que da Cunha tinha apenas 15 anos em 1881. Não é uma "decoreba" simples de se exigir de alguém que enfrenta uma maratona de avaliações.
"Essa prova, em literatura, sempre deixa a desejar. São perguntas às vezes superficiais, às vezes irrelevantes. Já temos, em geral, baixíssimas expectativas", diz Soares.
Veja um vídeo sobre o viral:
Livro de Machado de Assis faz americana viralizar no TikTok
E descubra as sugestões de melhor livro de cada estado brasileiro:
Qual é o melhor livro de cada estado brasileiro? Professores votam

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