Empresas que se recusam a pagar 50% do valor da mensalidade da internet sofrem retaliações. Uma delas teve dois veículos incendiados. Facção cobra 50% do valor da internet para autorizar serviço em bairro de Fortaleza
Uma facção criminosa está cobrando de provedoras de internet o equivalente a 50% do valor dos serviços prestados a clientes para autorizar a instalação de infraestrutura em comunidades do Ceará. A prática, inicialmente registrada no bairro Pirambu, em Fortaleza, já se expandiu para pelo menos quatro municípios cearenses, incluindo a capital.
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Os criminosos também indicam uma lista de empresas "autorizadas" a operar nas áreas controladas por eles, enquanto provedoras fora do esquema sofrem retaliações violentas.
De acordo com as investigações, o grupo cobra das empresas metade do valor pago pelos clientes pelo serviço de instalação. Por exemplo: se uma provedora cobra R$ 80 do cliente, ela deve pagar R$ 40 a facção como "taxa de permissão".
Além disso, os criminosos direcionam os moradores a contratarem apenas empresas que fazem parte do esquema, criando um monopólio forçado. Provedoras que não aceitam as condições ou não integram a lista são alvo de ataques.
Ataques recentes e prejuízos
Em menos de duas semanas, pelo menos dois veículos de empresas de internet foram incendiados. O caso mais recente ocorreu na noite desta quarta-feira (data fictícia, ajuste conforme necessário) em Caucaia, na Região Metropolitana de Fortaleza.
Um carro de serviço foi completamente destruído pelas chamas no cruzamento das ruas Ribeiro Bezerra com Pedro Alves de Menezes, no Conjunto Metropolitano. Imagens obtidas pelo g1 mostram o veículo tomado pelo fogo.
Carro de empresa de internet ficou destruído após ser incendiado por criminosos em Caucaia.
Reprodução
O fogo foi apagado pelo Corpo de Bombeiros, acionado por volta das 18h30 para combater o incêndio.
"Equipes do CBMCE foram prontamente mobilizadas para conter as chamas e evitar maiores danos. O veículo atingido sofreu perda total. As causas do incêndio serão apuradas pelas autoridades competentes", disse o Corpo de Bombeiros.
Já a empresa Brisanet, informou que está apurando as causas do incêndio ocorrido em um de seus veículos.
"A empresa reitera o compromisso com a segurança dos colaboradores e vem adotando medidas internas para contornar os incidentes de segurança pública", afirmou a Brisanet.
Esse é o segundo veículo da empresa incendiado em menos de duas semanas. No dia 22 de fevereiro, outro carro da Brisanet ficou em chamas após uma ação de criminosos no Bairro Jacarecanga, em Fortaleza.
Outro carro da mesma empresa de internet foi incendiado no dia 22 de fevereiro deste ano, no Bairro Jacarecanga, em Fortaleza.
Arquivo pessoal
Ataques a provedores de internet
Criminosos atacam estruturas de empresas de internet no Pecém, na Grande Fortaleza
Outro ataque a provedores de internet no Ceará ocorreu no dia 27 de fevereiro deste ano, no distrito do Pecém, no município de São Gonçalo do Amarante, onde está localizado o Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP).
O g1 obteve vídeos que mostram homens encapuzados e armados invadindo locais e destruindo estruturas de fornecimento de internet. Também foram danificados cabos de distribuição localizados em postes nas ruas da localidade. (Veja no vídeo acima)
O ataque afetou o fornecimento de internet para empresas que atuam no porto e moradores do distrito do Pecém. Em nota, a empresa Alloha Fibra, proprietária da provedora de internet Giga+, confirmou que foi afetada pelo ataque, mas que "agiu rapidamente e reestabeleceu os serviços dos clientes afetados às 14h30".
Criminosos invadiram estabelecimentos para danificar estruturas de internet e atacaram equipamentos em postes
Reprodução
De acordo com a direção do Complexo do Pecém, "houve apenas falhas pontuais no fornecimento de internet de algumas empresas", e as operações do porto teriam seguido normalmente ao longo da quinta-feira.
Por meio de nota, a Secretaria de Segurança Pública do Ceará (SSPDS) informou que a polícia realiza buscas pra capturar os suspeitos envolvidos nos ataques. Ninguém foi preso até o momento.
Conforme a pasta, os envolvidos são suspeitos dos crimes de integrar organização criminosa, crime contra a incolumidade pública (causar um risco ao bem-estar e segurança coletivo) e crime contra a segurança dos meios de comunicação, transporte e serviços.
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